terça-feira, 3 de maio de 2011

William James Sidis e a MOQ

William James Sidis






A vida de William James Sidis, é espantosa.

Sobrinho do também brilhante, William James, foi um garoto com QI de 300 (!) que com apenas 9 anos  marcou um recorde em 1909 ao ser a pessoa mais nova a entrar na Universidade de Harvard.

Ele se tornou primeiramente famoso por sua precocidade, e mais tarde por sua excentricidade e afastamento da vida pública. Foi um excepcional escritor nas áreas de medicina, matemática, psicologia, filosofia, política, cosmologia, biologia, antropologia e linguística.

No início de 1910, seu domínio da matemática avançada era tal que ele deu uma palestra no Clube de Matemática de Harvard sobre corpos quadridimensionais, fazendo Daniel F. Comstock, professor no MIT, predizer que Sidis se tornaria um grande matemático e líder naquela ciência no futuro. Sidis iniciou seus estudos com uma carga horária integral em 1910 e recebeu seu bacharelado,cum laude, em 18 de Junho de 1914, aos 16 anos.
Logo após a graduação, ele afirmou a repórteres que gostaria de viver a vida perfeita, e que para ele isso significava viver em reclusão. Assim, se distanciou da ciência positivista por suas ideias vanguardistas que batiam de frente com a visão acadêmica, se tornando um vilão constantemente caluniado pela mídia.

Coincidentemente como Sidis, Robert Pirsig foi um garoto superdotado. Não se sabe se conseguiu em sua vida curta (morreu aos 46 de hemorragia cerebral) manter a sanidade com a desmoralização que a sociedade o impôs.

Particulamente, a mente brilhante de William James Sidis, era foco de interesse constante, tanto de valor biográfico quanto seus trabalhos, para Robert Pirsig. Seus estudos sobre os nativos americanos e antropologia reveladores tiveram importância imensa para a MOQ. Não era a toa que Sidis foi um renegado pela comunidade científica que sempre fez esforços para ocultá-lo da história.

" De volta às planícies, certa noite, num motel de estrada, sem nada para ler, Phaedrus encontrou um exemplar da revista Yankee, cheia de orelhas marcadas. Folheou-a e parou num breve relato de Cathie Slater Spence intitulado “Em busca do trouxa de 10 de abril”.
Era sobre uma criança prodígio que acusara possivelmente o mais alto grau de inteligência já observado, e que no fim da vida não tinha dado em nada. “Nascido em 10 de abril de 1898”, dizia o artigo, “William James Sidis falava cinco línguas e lia Platão no original aos cinco anos. Aos oito passou no vestibular para Harvard, mas teve que esperar três anos para conseguir matrícula. Mesmo assim, tornou-se o mais jovem erudito de Harvard e diplomou-se cum laudae em 1914, aos dezesseis anos. Apareceu diversas vezes em “Acredite se quiser”, de Ripley. Esteve na primeira página do New York Times dezenove vezes.”
Mas, após se diplomar em Harvard, o “Garoto Maravilha” passou a se ocupar de seus obscuros interesses, aparentemente desprovidos de sentido. A imprensa, que o tinha celebrizado, voltou-se contra ele. O exemplo mais cáustico apareceu no New York Times de 1937. Intitulado “O trouxa do 10 de abril”, o artigo ridicularizava tudo, desde os hobbies de Sidis até suas características físicas. Sidis moveu uma ação por difamação e invasão de privacidade. Embora tivesse recebido uma pequena dotação na questão da difamação, a acusação de invasão de privacidade foi recusada pela Suprema Corte dos Estados Unidos, numa decisão que firmou jurisprudência. “O artigo é impiedoso em sua dissecação de detalhes íntimos da vida pessoal do objeto da matéria”, admitiu a Corte, mas Sidis era uma “figura pública” e portanto não podia reivindicar proteção contra os interesses da imprensa, que continuou o acossá-lo até sua morte, em 1944. Os necrológios o chamaram de “fracasso prodigioso” e “um gênio extinto”, que não obstante seus talentos nunca tinha conseguido nada de significativo.
Dan Mahony, de Ipswich, Massachusetts, leu a respeito de Sidis em 1976 e ficou intrigado. “O que ele estaria realmente pensando e fazendo durante todo aquele tempo?” — era o que Mahony se perguntava. “É verdade que teve empregos mal remunerados, mas Einstein surgiu com a teoria da relatividade quando trabalhava num registro de patentes. Senti que Sidis estava metido em mais coisas do que as pessoas supunham.”
Mahony passou os últimos dez anos examinando o trabalho de Sidis. Num sótão poeirento encontrou um volumoso manuscrito intitulado As tribos e o Estado, no qual Sidis persuasivamente argumentava que o sistema político da Nova Inglaterra tinha sido profundamente influenciado pela federação democrática dos índios penacooks.
Ao ler essa frase, Phaedrus foi percorrido por uma descarga elétrica. Mas o artigo continuava: “Quando Mahony enviou o livro de Sidis O animado e o inanimado para outro gênio excêntrico, Buckminster Fuller, este achou um “excelente trabalho em cosmologia” que, para seu assombro, predizia a existência dos buracos negros — em 1925!
Mahony desenterrou uma novela de ficção científica, escritos políticos e econômicos e 89 colunas de jornal sobre Boston, que Sidis tinha escrito sob pseudônimo. “O espantoso é que podemos ter apenas perfurado a superfície do que Sidis produziu”, diz Mahony. “Por exemplo, encontramos apenas uma página de um manuscrito chamado Os caminhos da paz, e pessoas que conheciam Sidis afirmam que viram muitos outros manuscritos. Penso que Sidis ainda nos reserva algumas surpresas.”
Phaedrus pousou a revista, sentindo-se como se alguém tivesse estilhaçado a janela do motel com uma pedra. Releu o artigo inúmeras vezes, num aturdimento, enquanto o impacto do que lia ia penetrando cada vez mais fundo. Naquela noite mal pôde dormir.
Parecia que há muito tempo atrás, na década de 30, Sidis tinha formulado exatamente a mesma tese sobre os índios. Ele tentou dizer às pessoas uma das coisas mais importantes que podem ser ditas sobre seu país e elas retribuíram chamando-o publicamente de “trouxa” e não publicando o que ele escrevia. Tudo indicava que nem havia mais como descobrir o que Sidis tinha dito.
Phaedrus tentou entrar em contato com o Mahony mencionado no artigo, mas não conseguiu encontrá-lo, talvez, em parte, porque seu esforço era só meio-sincero. Sabia que mesmo que chegasse a pôr os olhos no material de Sidis pouca coisa poderia fazer. O problema não era que não fosse fidedigno. O problema era que ninguém estava minimamente interessado."
(LILA, págs. 62-64).

2 comentários:

  1. Estou procurando alguns livros do William James Sidis, entre eles o "Matéria escura" e algo sobre o quasi-liberalismo.

    Obrigado!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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