terça-feira, 3 de maio de 2011

O Tao e a MOQ

Lao Tsé










O velho sábio chinês é o pensador original da filosofia oriental que influenciou o Confucionismo e o Zen Budismo através do Tao Te Ching. O taoísmo, é a principal conjutura de escritos sobre o monismo do Tao - a ideia de unidade entre as forças universais (ying e yang) opostas e complementares que exercem o universo.

A integração dessas forças (sujeito e matéria) identifica como o caminho do sábio - a união é a terceira força que dinamiza a vida - a Qualidade ou o Tao.

Assim como Tao, indefinível e absoluto, é a Qualidade.

Portanto, a Metafísica da Qualidade e o Tao Te Ching são um só.

"Então, sem pensar, Fedro foi até a estante e retirou um livrinho encadernado em cartolina azul. Era um manuscrito que ele mesmo copiara e encadernara havia vários anos, por não ser mais encontrado nas livrarias. Era o Tao-te-ching, de Lao Tsé, uma obra com 2.400 anos de idade. Começou então a reler aquelas linhas já tão conhecidas, mas estudando-as, desta vez, para ver se conseguiria estabelecer uma certa correspondência. Lia e interpretava ao mesmo tempo.

Leu a seguinte frase:

A Qualidade que pode ser definida não é a Qualidade Absoluta.
Ele dissera exatamente isso.
Os nomes que lhe podem ser dados não são Absolutos.
Ela é a origem do céu e da terra.
Ao ser designada, transforma-se na mãe de todas as coisas...
Mas era aquilo mesmo!
A Qualidade (a qualidade romântica) e suas manifestações (a
qualidade clássica) compartilham da mesma natureza. Ela recebe
nomes diferentes (sujeitos e objetos) ao se manifestar em termos
clássicos.
Em conjunto, a qualidade romântica e a clássica podem ser
chamadas “o princípio unificador”.
Deslocando-se de alguns mistérios para outros mais profundos, ela constitui o portal que leva ao segredo de toda a vida.
A Qualidade tudo penetra.
E não cessa de manifestar-se!
De modo insondável e inexaurível.
Como a nascente de todas as coisas.
E, no entanto, permanece clara e cristalina como a água.
Não se sabe de quem ela descende.
E uma imagem daquilo que existia antes de tudo...
Aproxima-te e ela no mesmo instante te servirá...
Quando olhada, não pode ser vista... Quando escutada, não pode ser ouvida... 
Quando agarrada, não pode ser tocada... 
Estas três virtudes escapam às nossas buscas, fundindo-se numa unidade.
A luz não surge quando ela se eleva.
Nem provém a escuridão do seu ocaso.
Perene e eterna,
Ela não pode ser definida,
Retornando ao mundo do nada.
Por isso é chamada a forma do amorfo,
A imagem do nulo.
Por isso é chamada esquiva.
Ao encontrá-la, não lhe verás a face.
Ao segui-la, não lhe verás as costas.
Aquele que se apega à Qualidade ancestral
É capaz de conhecer os inícios primevos
Que são a continuidade da Qualidade.

Ao ler aquilo, Fedro viu que as linhas e os versos se encaixavam, todos no lugar certo. Era exatamente aquilo. Era aquilo que ele vinha dizendo embora de modo menos rico, mais mecânico.
Naquele livro não havia coisas vagas nem imprecisas. Mais preciso e definido, impossível. Era bem o que ele tinha dito, só que numa língua diferente, com outras raízes e origens. Vinha de outro vale, ver o que havia naquele vale, sem encará-lo como uma história contada por estranhos, mas sim como parte do vale natal. Agora, ele compreendia tudo.

Conseguira decifrar o enigma. Continuou a ler. Verso por verso, página por página. Não havia sequer uma discrepância. Aquilo a que ele se referira o tempo todo como Qualidade, era aqui o Tao, a grande força central, geradora de todas as religiões, tanto orientais como ocidentais, passadas e presentes, de todo o conhecimento, de tudo.

(ZAMM, págs. 253-254).

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